24 de setembro de 2007

COLÓQUIO MS: INSCRIÇÕES e OBJETIVOS - Evento é co-organizado pelo IAT para todo o Estado da Bahia

Colóquio Milton Santos
Data: 23 de novembro de 2007, das 8 às 19h

Justificativa
O evento faz parte das atividades do Grupo de Pesquisa Permanecer Milton Santos do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, com registro no CNPq. O evento pretende proporcionar um espaço de reflexão sobre o pensamento do geógrafo e educador Milton Santos, com destaque para sua análise sobre a comunicação e a educação. Pela importância do trabalho de Milton Santos na formulação de um pensamento original sobre a realidade brasileira e os problemas gerados pela nova fase de globalização do capitalismo, faz-se necessário propiciar oportunidades de aprofundamento das idéias desse pensador, oferecendo a novas gerações momentos para a troca de experiências e aprendizado acadêmicos a partir das idéias miltonianas.
Vale destacar que o Colóquio Milton Santos mereceu a adesão do Instituto Anísio Teixeira (IAT) de formação pedagógica no Estado da Bahia, constituindo-se a partir de então em atividade co-organizada. Professores da rede pública de ensino de todo o território baiano terão acesso ao colóquio, em rede, a partir da transmissão por videoconferência.

Objetivos
- Propiciar um espaço de discussão e reflexão acadêmica focada no pensamento de Milton Santos sobre o papel da Comunicação e da Educação na construção de um mundo melhor;
- Possibilitar a troca de experiências entre estudiosos da obra e da vida de Milton Santos, com ênfase nos estudos críticos sobre a nova fase da globalização econômica;
- Contribuir para o reavivamento da memória do geógrafo e pensador Milton Santos (1926-2001).
- Contribuir para a formação e atualização de estudantes, professores da rede pública e demais interessados, a partir das idéias propostas por Milton Santos.

Instituições/órgãos envolvidas:
- Faculdade de Comunicação da UFBA;
- Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade;
- Instituto Anísio Teixeira do Governo do Estado da Bahia
- Pró-Reitoria de Extensão da UFBA;
- Reitoria da UFBA

Equipe Organizadora
Coordenadores: Prof. Dr. Fernando Conceição e Mestranda Nelma Barbosa.
Secrearia e Apoio: Equipe de estudantes e colaboradores do Grupo Permanecer Milton Santos
Equipe técnica da Facom e do IAT.

Programa/Inscrições
- De 18 de outubro a 19 de novembro: Inscrições de trabalhos individuais ou em grupos (texto de até 16.000 toques com espaçamento). Envie seu texto e identificação, com formação acadêmica e instituição de que faz parte, para o seguinte e-mail: coloquioms@yahoo.com.br
- De 25/10 a 21/11 – Divulgação contínua de trabalhos aceitos,
- 23/11, 8h – Recepção/Instalação do Colóquio. Local: sede do IAT na Av. Paralela
9h – Mesa Redonda I
10h15 – coffee-break
11h – Mesa Redonda II
12h30 – Almoço
13h30 – Deslocamento em ônibus do IAT para a Facom (Ondina).
13h30 – Recepção na Facom.
14h30 – Grupos de Trabalhos (GTs) por temáticas.
17h – Plenária no auditório
18h – Mesa de conclusão
18h30 – Apresentação musical e dança / Entrega de certificados
19h – Coquetel de encerramento

Acompanhe tudo pelo blog
http://permanecermiltonsantos.blogspot.com/

5 de setembro de 2007

COLÓQUIO MILTON SANTOS - 23 de Novembro 2007 na Facom/UFBA. Inscreva seu trabalho de 18/10 a 19/11/07.

Comentário sobre Por Uma Outra Globalização (2001)

(esquema de leitura, por Nina Santos)

O LIVRO:
- trata do fenômeno da globalização que se generalizou na década de 90;
- muitos pensadores consideraram um processo incontornável;
- Milton trabalha uma outra possibilidade, uma outra utilização das bases técnicas;
- são 6 capítulos e 30 tópicos onde ele faz uma introdução geral e depois trata da Produção da globalização, Uma globalização perversa, O território do dinheiro e da fragmentação, Limites à globalização perversa, Transição em marcha;

PREFÁCIO:
- pretensão do livro: mostrar a realidade tal como ela é e sugerir a realidade tal como ela pode vir a ser (p.13);

I. INTRODUÇÃO GERAL:
1. O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade:
- o que importa não é a técnica, mas a forma como, a partir dela, se produz a história humana (p.17);
- o autor propõe a existência de três mundos em um só: o mundo como fábula, o mundo como perversidade e o mundo como possibilidade (p.18);
• A globalização como fábula:
- a construção dessa globalização como fábula se baseia na repetição de fantasias (p.18);
-uma dessas fantasias seria que a aldeia global homogeneiza o planeta, quando na verdade as diferenças locais são acentuadas (p.19);
- outra seria a morte do estado, quando na verdade ele só se fortalece para atender à demanda das finanças. Neoliberalismo para os outros (p.19);
- ideologização absoluta em lugar do fim da ideologia. Na verdade o fim da ideologia faz parte da ideologia da globalização perversa, a qual se baseia nas fantasias (p.19);
• A globalização como perversidade:
- a globalização é perversidade para a maior parte da população (p.19, 20);
- a perversidade está ligada aos comportamentos competitivos (p.20);
• A outra globalização:
- se houver outro uso social e político, as mesmas bases técnicas podem permitir uma outra realidade (p.20);
- há indicadores da emergência de uma nova história (p.20);
- um deles é a heterogeneidade e a miscigenação (p.20);
- discurso da escassez: aglomeração da população, fortalecimento dos laços locais, surgimento de novos usos do sistema técnico (p.21);
- a utilização dos meios técnicos pela cultura popular (p.21);
- a universalidade empírica como possibilidade de construção de uma nova história através do conhecimento concreto das possibilidades existentes (p.21);

II. A PRODUÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO:
- para se analisar uma fase histórica, deve-se levar em conta o estado das técnicas e da política e esses dois fatores não estão dissociados (p.23);
- na atualidade o problema está no estado da política e não no estado da técnica;
- fim do séc. XX: preponderância da técnica da informação à qual é um elo entre as demais e permite a elas uma presença global (p.23);
- a globalização não se baseia só nas técnicas, mas também em processos políticos e é nesses que está o problema (p.24);
2. A unicidade da técnica:
- a técnica nunca aparece isolada, é sempre um sistema e o desenvolvimento da técnica determina o desenvolvimento da história (p.24);
- a técnica mais representativa da nossa época é a da informação. Ela permite duas coisas: a comunicação entre as diversas técnicas e a aceleração do processo histórico através da simultaneidade das ações (p.25);
- a importância de um ator é determinada, entre outras coisas, pela técnica que ele é capaz de mobilizar. O surgimento de uma nova técnica não elimina a anterior, mas quem passa a usar as técnicas não hegemônicas são os atores não hegemônicos (p.25);
- em nossa época, a técnica deixa de estar limitada a um só local e passa a ter uma influência maior (p.25,26);
-hoje, não há mais as técnicas hegemônicas e não-hegemônicas, pois as não-hegemônicas são hegemonizadas (p.26);
- a técnica apenas se realiza. Só se torna história a partir da ação da política das empresas e dos Estados (p.26);
- a técnica atual tem tendência à invasão e esta é também a lógica dos atores hegemônicos (p.26);
- as empresas baseiam-se na fragmentação de sua produção, mas isso só acontece porque a técnica hegemônica permite (p.26);
- em contraponto à fragmentação da técnica, há uma unidade política. Essa unidade se dá no interior das grandes empresas, cada uma zelando por seus interesses. Não há um agente que zele pelo mercado global como um todo. (p.27);
- a unicidade da técnica é base para a mais-valia global e a unicidade dos momentos (p.27);
3. A convergência dos momentos
- não apenas a mesma hora, mas a convergência dos momentos vividos (p.27, 28);
- múltiplos relógios podem ser usados da mesma forma, o mercado pode funcionar o dia todo em todo mundo e de forma interligada (p.28);
- “O tempo real também autoriza usar o mesmo momento a partir de múltiplos lugares; e todos os lugares a partir de um só deles” (p.28);
- é possível conhecer o acontecer do outro. Porém, isso não se dá de forma plenamente verdadeira porque toda a informação é intermediada pelas grandes empresas da informação (p.28);
- O ideal da aldeia global é que a construção do tempo real é algo coletivo, mas nós ainda estamos longe desse objetivo (p.28);
- Quem domina a construção do tempo real são os donos da velocidade e os autores do discurso ideológico (p.28);
- fluidez potencial X fluidez efetiva (p.29);
- na prática, a fluidez só é efetiva para aqueles que se beneficiam da mais valia global: o motor único (p.29);
4. O motor único
- a mais-valia global seria o motor de todas as ações globais (p.29);
- não há mais vários motores, como havia no imperialismo, porque as ações agora são globais (p.29);
- caminhamos para um padrão único, que decorre da mundialização da técnica e da mais-valia (p.30);
- na verdade isso é só uma tendência, pois não há lugar onde a mundialização seja completa (p.30);
- a mais-valia global seria esse motor único que se movimenta pela constante utilização das técnicas e pelo constante anseio de renovação de técnicas pelas empresas (p.30);
- a competitividade entre as empresas alimenta também essa mais-valia na medida em que se sai do campo da competição e se entra no campo da competitividade, onde mais ciência e mais tecnologia são sempre necessárias
(p.30, 31);
- a mais-valia é empírica (p.31);
5. A cognoscibilidade do planeta
- o nosso período histórico permite um conhecimento extensivo e aprofundado do planeta, graças às técnicas (p.31, 32);
- já podemos fabricar coisas não presentes na natureza (p.32);
- a contemplação de vários momentos e não mais de um só permite perceber o momento da evolução, apesar de não evidenciar o processo histórico como um todo (p.32);
- o que não conseguimos captar é o significado dos objetos que vemos, pois este só pode ser obtido a partir da análise da sociedade na qual ele se encontra (p.32);
- o conhecimento do mundo é base para a atuação da empresas globais que demonstram diferentes interesses por cada área do globo (p.33);
6. Um período que é uma crise
- diferentemente dos outros períodos quando uma crise antecedia e sucedia a formulação de novas idéias, o nosso período atual é, ao mesmo tempo, período e crise (p.33);
- ao mesmo tempo em que as variáveis se influenciam (globalização) elas também se chocam continuamente (p.34);
- há uma multiplicação potencial do tempo. Cada pessoa, empresa ou Estado se apropria dele de uma forma (p.34);
- o nexo contábil está em toda parte (p.34);
- a nossa contínua crise se manifesta tanto de maneira global como de maneira particular (p.35);
- a crise é estrutural (p.35);
- toda solução que se considera parte do interesse dos atores hegemônicos e por isso tem parte da sua própria lógica (p.35);
- a tirania do dinheiro e da informação forma o momento histórico atual.
Nele, o controle dos espíritos permite a hegemonia das finanças. Isso aprofunda a crise (p.35);
- os processos não hegemônicos são hegemonizados (p.35);
- o extremado uso de técnicas leva a uma necessidade de grande quantidade de normas (p.36);
- as normatizações particularistas (política) instalam-se por toda parte. Seja para praticar ações, seja para criticá-las (p.36);
- a crise está instalada a pesar do equilíbrio macroeconômico (p.36);
- ao criar a globalização como fábula, ao mesmo tempo, já difundem os remédios pré-fabricados para as crises (p.36);
- a procura da solução apenas para a crise financeira é também motiva do aprofundamento da própria crise (p.36).

(Em breve, traremos um esquema para os capítulos restantes, de 3 a 6).

3 de setembro de 2007

O intelectual

Para Milton Santos 'O intelectual existe para criar o desconforto, é o seu
papel. E ele tem que ser forte o bastante sozinho para continuar a exercer esse
papel. Não há nenhum país mais necessitado de verdadeiros intelectuais, no
sentido que dei a esta palavra, do que o Brasil'”. Então, ser intelectual é
muito mais difícil do que parece ser, se você está tentado a ser um intelectual
corajoso assim como Milton Santos, leia e pratique o texto seguinte.

O intelectual anônimo


A atividade intelectual jamais é cômoda e a exigência de inconformismo, que a acompanha, faz com que a sociedade reconheça os seus portadores como porta-vozes das suas mais profundas aspirações e como arautos do futuro – Por Milton Santos
Por definição, vida intelectual e recusa a assumir idéias não combinam. Esse, aliás, é um traço distintivo entre os verdadeiros intelectuais e aqueles letrados que não precisam, não podem ou não querem mostrar, à luz do dia, o que pensam.
O intelectual verdadeiro é o homem que procura, incansavelmente, a verdade, mas não apenas para festejar intimamente, dizê-la, escrevê-la e sustentá-la publicamente. É um fato conhecido que, em épocas de obscuridade, os mandões do momento o proíbam ou o inibam de fazê-lo, gerando como conseqüência a listagem daqueles que se tornam mártires do seu próprio pensamento, como Unamuno, durante a Guerra Civil Espanhola, e dos que não renunciam ao dever da verdade, ainda que deixando para pronunciá-la quando retornam os regimes de liberdade. Mas é isso mesmo o que distinguiu a universidade de outras instituições. Por isso, a atividade intelectual jamais é cômoda e a exigência de inconformismo, que a acompanha, faz com que a sociedade reconheça os seus portadores como porta-vozes das suas mais profundas aspirações e como arautos do futuro. Por isso mesmo, observadores da universidade, no passado e no presente, temem por seu destino atual, já que são raras as manifestações de protesto oriundas de suas práticas, deixando, às vezes, a impressão de que a academia pode preferir a situação de mera testemunha da história, em lugar de assumir um papel de guia em busca de melhores caminhos para a sociedade.
Quando os intelectuais renunciam a esse dever - sejam quais forem as circunstâncias -, um manto de trevas acaba por cobrir a vida social, uma vez que o debate possível torna-se, por natureza, falso.
Essa poderia também ser a definição mais desejada da vida acadêmica em todos os lugares. Mas a verdade é que a forma como, nos últimos tempos, se está organizando a convivência universitária acaba por reduzir dentro dela o número de verdadeiros intelectuais, mesmo se aumenta o de cientistas e de letrados de todo tipo. A vida universitária é cada vez mais representativa de uma busca de poder sem relação obrigatória com a procura do saber. E isso corrompe, de alto a baixo, as mais diversas funções da academia, inclusive ou a começar pela trilogia agora ambicionada pelas atividades de ensinar, pesquisar e transmitir à sociedade o trabalho intelectual.
Um primeiro resultado é, sem dúvida, o encolhimento do espaço destinado aos que desejam produzir o saber, e não é raro que esse movimento seja acompanhado por uma verdadeira hostilização, da parte dos que mandam, em relação aos que teimam em colocar em primeiro plano a busca da verdade. Constata-se, desse modo, uma separação, cada vez maior, entre estes e o conjunto de docentes viciados em poder e que a ele se agarram por longos e longos anos, formando um grupo com tendência ao isolamento e à auto-satisfação, bem mais preocupado com as perspectivas de manter esse poder do que com a construção de uma universidade realmente independente e sábia. A esses colegas preferimos chamar de buroprofessores. Na medida em que a noção de poder se arraiga como algo normal, tais comportamentos parecem banalisar-se, tomando diferentes feições no processo de reduzir as possibilidades de um trabalho independente e de convocar, até mesmo, espíritos promissores para a aceitação de um trabalho viciado, exatamente pela ingerência cada vez mais generalizada das lógicas de poder. Não sabemos em que medida será útil buscar a relação entre as ações acima enumeradas e incluí-las no conjunto das realidades que atualmente produzem o grande mal-estar ressentido nas universidades brasileiras. O certo é que esse conjunto de fatos conduz, com mais ou menos força, segundo os lugares, ao enfraquecimento do espírito acadêmico, e isso acaba por contaminar o ensino, a pesquisa, as relações entre colegas e as relações das faculdades frente à sociedade. A força autêntica da universidade vem do espírito acadêmico partilhado por professores e alunos e cuja preservação seria de esperar que as autoridades universitárias sejam capazes de conduzir. É essa fortaleza da instituição acadêmica o garante da autonomia na produção do saber, assegurada através da liberdade de cátedra e da liberdade acadêmica efetiva, conferida a cada professor, a despeito da vocação, às vezes, autoritária dos colegiados e da prática de falsificação da democracia acadêmica. A força exterior da universidade deriva de sua força interior e esta é ferida de morte sempre que a idéia e a prática do espírito acadêmico são abandonadas em favor de considerações pragmáticas. Na grande crise em que o país agora se confronta, torna-se evidente e clamorosa a ausência de uma discussão mais intensa e mais profunda, partindo da academia, em suas diversas instâncias, e que, como em outras ocasiões na vida de todos os povos, mostra o papel pioneiro da universidade na construção dos grandes debates nacionais. A apatia ainda está presente na maior parte do corpo professoral e estudantil, o que é sinal nada animador do estado de saúde cívico dessa camada social cuja primeira obrigação é constituir, como porta-voz, a vanguarda de uma atitude de inconformismo com os rumos atuais da vida pública.
Fonte: http://br.geocities.com/madsonpardo/ms/artigos/msa06.htm

Reconhecimento


Apesar de conhecido e admirado mundo a fora, nem todo brotense sabe ser conterrâneo de Milton Santos. A fim de corrigir tamanho desconhecimento foi decidido que o nome da biblioteca seria uma homenagem ao geógrafo Milton Santos, diz Solange Araújo Silva ( foto) secretária de educação de Brotas de Macaúbas.

Biblioteca Milton Santos


Essa é a fachada da biblioteca Milton Santos - que deve ser inaugurada em 12 de setembro 2007. A inciativa partiu da secretária de educação Solange Araújo Silva, que vê no pensamento de Milton Santos uma forma de incentivar o espírito crítico dos estudantes.