5 de setembro de 2007

Comentário sobre Por Uma Outra Globalização (2001)

(esquema de leitura, por Nina Santos)

O LIVRO:
- trata do fenômeno da globalização que se generalizou na década de 90;
- muitos pensadores consideraram um processo incontornável;
- Milton trabalha uma outra possibilidade, uma outra utilização das bases técnicas;
- são 6 capítulos e 30 tópicos onde ele faz uma introdução geral e depois trata da Produção da globalização, Uma globalização perversa, O território do dinheiro e da fragmentação, Limites à globalização perversa, Transição em marcha;

PREFÁCIO:
- pretensão do livro: mostrar a realidade tal como ela é e sugerir a realidade tal como ela pode vir a ser (p.13);

I. INTRODUÇÃO GERAL:
1. O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade:
- o que importa não é a técnica, mas a forma como, a partir dela, se produz a história humana (p.17);
- o autor propõe a existência de três mundos em um só: o mundo como fábula, o mundo como perversidade e o mundo como possibilidade (p.18);
• A globalização como fábula:
- a construção dessa globalização como fábula se baseia na repetição de fantasias (p.18);
-uma dessas fantasias seria que a aldeia global homogeneiza o planeta, quando na verdade as diferenças locais são acentuadas (p.19);
- outra seria a morte do estado, quando na verdade ele só se fortalece para atender à demanda das finanças. Neoliberalismo para os outros (p.19);
- ideologização absoluta em lugar do fim da ideologia. Na verdade o fim da ideologia faz parte da ideologia da globalização perversa, a qual se baseia nas fantasias (p.19);
• A globalização como perversidade:
- a globalização é perversidade para a maior parte da população (p.19, 20);
- a perversidade está ligada aos comportamentos competitivos (p.20);
• A outra globalização:
- se houver outro uso social e político, as mesmas bases técnicas podem permitir uma outra realidade (p.20);
- há indicadores da emergência de uma nova história (p.20);
- um deles é a heterogeneidade e a miscigenação (p.20);
- discurso da escassez: aglomeração da população, fortalecimento dos laços locais, surgimento de novos usos do sistema técnico (p.21);
- a utilização dos meios técnicos pela cultura popular (p.21);
- a universalidade empírica como possibilidade de construção de uma nova história através do conhecimento concreto das possibilidades existentes (p.21);

II. A PRODUÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO:
- para se analisar uma fase histórica, deve-se levar em conta o estado das técnicas e da política e esses dois fatores não estão dissociados (p.23);
- na atualidade o problema está no estado da política e não no estado da técnica;
- fim do séc. XX: preponderância da técnica da informação à qual é um elo entre as demais e permite a elas uma presença global (p.23);
- a globalização não se baseia só nas técnicas, mas também em processos políticos e é nesses que está o problema (p.24);
2. A unicidade da técnica:
- a técnica nunca aparece isolada, é sempre um sistema e o desenvolvimento da técnica determina o desenvolvimento da história (p.24);
- a técnica mais representativa da nossa época é a da informação. Ela permite duas coisas: a comunicação entre as diversas técnicas e a aceleração do processo histórico através da simultaneidade das ações (p.25);
- a importância de um ator é determinada, entre outras coisas, pela técnica que ele é capaz de mobilizar. O surgimento de uma nova técnica não elimina a anterior, mas quem passa a usar as técnicas não hegemônicas são os atores não hegemônicos (p.25);
- em nossa época, a técnica deixa de estar limitada a um só local e passa a ter uma influência maior (p.25,26);
-hoje, não há mais as técnicas hegemônicas e não-hegemônicas, pois as não-hegemônicas são hegemonizadas (p.26);
- a técnica apenas se realiza. Só se torna história a partir da ação da política das empresas e dos Estados (p.26);
- a técnica atual tem tendência à invasão e esta é também a lógica dos atores hegemônicos (p.26);
- as empresas baseiam-se na fragmentação de sua produção, mas isso só acontece porque a técnica hegemônica permite (p.26);
- em contraponto à fragmentação da técnica, há uma unidade política. Essa unidade se dá no interior das grandes empresas, cada uma zelando por seus interesses. Não há um agente que zele pelo mercado global como um todo. (p.27);
- a unicidade da técnica é base para a mais-valia global e a unicidade dos momentos (p.27);
3. A convergência dos momentos
- não apenas a mesma hora, mas a convergência dos momentos vividos (p.27, 28);
- múltiplos relógios podem ser usados da mesma forma, o mercado pode funcionar o dia todo em todo mundo e de forma interligada (p.28);
- “O tempo real também autoriza usar o mesmo momento a partir de múltiplos lugares; e todos os lugares a partir de um só deles” (p.28);
- é possível conhecer o acontecer do outro. Porém, isso não se dá de forma plenamente verdadeira porque toda a informação é intermediada pelas grandes empresas da informação (p.28);
- O ideal da aldeia global é que a construção do tempo real é algo coletivo, mas nós ainda estamos longe desse objetivo (p.28);
- Quem domina a construção do tempo real são os donos da velocidade e os autores do discurso ideológico (p.28);
- fluidez potencial X fluidez efetiva (p.29);
- na prática, a fluidez só é efetiva para aqueles que se beneficiam da mais valia global: o motor único (p.29);
4. O motor único
- a mais-valia global seria o motor de todas as ações globais (p.29);
- não há mais vários motores, como havia no imperialismo, porque as ações agora são globais (p.29);
- caminhamos para um padrão único, que decorre da mundialização da técnica e da mais-valia (p.30);
- na verdade isso é só uma tendência, pois não há lugar onde a mundialização seja completa (p.30);
- a mais-valia global seria esse motor único que se movimenta pela constante utilização das técnicas e pelo constante anseio de renovação de técnicas pelas empresas (p.30);
- a competitividade entre as empresas alimenta também essa mais-valia na medida em que se sai do campo da competição e se entra no campo da competitividade, onde mais ciência e mais tecnologia são sempre necessárias
(p.30, 31);
- a mais-valia é empírica (p.31);
5. A cognoscibilidade do planeta
- o nosso período histórico permite um conhecimento extensivo e aprofundado do planeta, graças às técnicas (p.31, 32);
- já podemos fabricar coisas não presentes na natureza (p.32);
- a contemplação de vários momentos e não mais de um só permite perceber o momento da evolução, apesar de não evidenciar o processo histórico como um todo (p.32);
- o que não conseguimos captar é o significado dos objetos que vemos, pois este só pode ser obtido a partir da análise da sociedade na qual ele se encontra (p.32);
- o conhecimento do mundo é base para a atuação da empresas globais que demonstram diferentes interesses por cada área do globo (p.33);
6. Um período que é uma crise
- diferentemente dos outros períodos quando uma crise antecedia e sucedia a formulação de novas idéias, o nosso período atual é, ao mesmo tempo, período e crise (p.33);
- ao mesmo tempo em que as variáveis se influenciam (globalização) elas também se chocam continuamente (p.34);
- há uma multiplicação potencial do tempo. Cada pessoa, empresa ou Estado se apropria dele de uma forma (p.34);
- o nexo contábil está em toda parte (p.34);
- a nossa contínua crise se manifesta tanto de maneira global como de maneira particular (p.35);
- a crise é estrutural (p.35);
- toda solução que se considera parte do interesse dos atores hegemônicos e por isso tem parte da sua própria lógica (p.35);
- a tirania do dinheiro e da informação forma o momento histórico atual.
Nele, o controle dos espíritos permite a hegemonia das finanças. Isso aprofunda a crise (p.35);
- os processos não hegemônicos são hegemonizados (p.35);
- o extremado uso de técnicas leva a uma necessidade de grande quantidade de normas (p.36);
- as normatizações particularistas (política) instalam-se por toda parte. Seja para praticar ações, seja para criticá-las (p.36);
- a crise está instalada a pesar do equilíbrio macroeconômico (p.36);
- ao criar a globalização como fábula, ao mesmo tempo, já difundem os remédios pré-fabricados para as crises (p.36);
- a procura da solução apenas para a crise financeira é também motiva do aprofundamento da própria crise (p.36).

(Em breve, traremos um esquema para os capítulos restantes, de 3 a 6).

7 comentários:

  1. Sempre fui um admirador incondicional do grande intelectual Milton Santos. Bravo Fernando!

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  2. Eu estou fascinada pelas obras de Miltom Santos...è de grande importaância as contribuiçãoes que ele deixou para toda sociedade...Estimulando a todos nós a crítica e busca por nossos direitos........
    Laíse Milena

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  3. Baixar o Documentário - Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá - http://fwd4.me/0BvJ

    Baixar o Documentário - Milton santos: Por Uma Outra Globalização - http://fwd4.me/0BvK

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